Belly Trick

Criação Sonora e Visual com software de desenvolvimento próprio somados aos recursos do Ableton Live e do Adobe After Effects.

“Belly Trick” é uma obra audiovisual dividida em quarto partes. Cada parte foi criada com diferentes materiais audiovisuais granulares capturados pelo próprio autor na forma de fotografias, vídeos e gravações de áudio de diferentes paisagens e elementos urbanos, durante sua estadia de um ano na cidade de Bristol (Inglaterra). Além disto, esta obra é poeticamente inspirada em um modelo que descreve o processo de adaptação de uma pessoa a uma nova cultura que, por sua vez, é dividido em quatro fases (Ward, 2001), (Oberg, 2009). Portanto, cada uma das quatro partes está associada a uma das fases de entusiasmo, negociação, ajuste e domínio e seus sentimentos característicos. Neste sentido, ao recriar os objetos da memória pessoal do autor, recupera-se sua relação individual, única, com o material, que passa a guiar, ou influenciar, as tomadas de decisão de um mecanismo consciente, mas também intuitivo, visto que, mesmo experiências que escapam à consciência influenciam as decisões tomadas durante o processo criativo da obra (Zajong, 1980).

Ao submeter esse material ao processo de granulação criam-se fragmentos audiovisuais que são rearranjados pelo compositor gerando texturas com diferentes graus de reconhecibilidade em relação aos objetos originais. Desta forma, embora som e imagem tenham uma origem concreta, o processo de granulação descaracteriza o material de modo a torná-lo abstrato, assim como procuramos fazer com o material visual em “Uirapuru”. Ainda assim, apoiados nas teorias sobre a percepção e memória de objetos multissensoriais que apresentamos anteriormente, entendemos que estas texturas, embora abstratas, conservem em si elementos suficientes para se remeterem à memória do compositor, adicionando ao objeto uma significação pessoal, além das características intrínsecas do som e da imagem. Claramente, independente do grau de deterioração da informação da fonte, um ouvinte que não seja o compositor, pode ter leituras completamente diferentes daquela do compositor.

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